Eu sempre mencionei o fato de ao longo de trinta anos de magistério não ter alfabetizado.
Eu iniciei minha carreira como professora de pré escola e isso em um tempo que não era preciso você ter uma formação,bastava ter boa vontade e magistério e isso eu tinha.
Foram dois anos, logo em seguida eu fui para a coordenação pedagógica na Escola Municipal Podalirio e não fiquei muito tempo e acabei na sala de aula mas sempre com os alunos maiores.
Alguns segundos anos(hoje terceira série) dentro da turma encontrasse alunos com problemas de aprendizagem,mas nada que trabalhando as dificuldades essas não fossem superadas.
Ao me ver numa turma de segundo ano onde deveria dar continuidade ao trabalho de quem iniciou e teria que alfabetizar eu surtei.Procurei mil formas mas nada dava resultado,isso porque vinha de turmas que não necesssitavam de um trabalho mais diferenciado.
Muitas vezes você cria vicios que não são nada fáceis de abandonar e é grande a diferença em você lidar com os alunos maiores que não precisam de serem apresentados a descoberta da leitura e escrita.
Falei muito com pessoas que trabalhavam com alfabetização,mas nada cabia aplicar,pois muitos deles são alunos portadores de necessidades especiais educacionais.
Descobri então que cada uma turma é única e você tem que encontrar caminhos que melhor se adaptam a ela.Foi que fiz após penar muito.
Durante algum tempo busquei livros onde eu pudesse deles retirar gravuras,pequenos textos,letras,silabas e transformar tudo que parecia inútil em inúmeros jogos,fichas de leituras,gravuras para auto-ditado,números,histórinhas matemáticas...
Enfim fui produzindo e usando não só aqueles livros que dizemos não aptos a nossa turma,como potinhos de iogurt que foram transformados em jogos silábicos,potinhos de manteigas que são hoje portas-sílabas e letras do alfabeto móvel tudo isso para que eles possam brincar aprendendo.
Hoje são tantas coisas que quando vou para a escola preciso levar um sacolão para transportar as coisas que pareciam inúteis em coisas que fazem a diferença em sala de aula.
Não posso encerrar esse meu relato sem mencionar aqui a colega BiaG e a tutora Andréa Galego que em muitas ocasiões deram um empurram,um novo incentivo para que eu fosse construindo meu aprendizado como professora que precisa ensinar esses pequenos à construirem a escrita e dominarem a leitura.
Quando vejo eles lendo palavras simples e as com dificuldades ortógrafiacas posso sentir uma emoção que até então desconhecia.
Hoje eu sei o que é realmente essa emoção que só um professor que passa por uma turma de alfabetização é capaz de sentir.
Termino dizendo que todos que ainda não experimentaram essa sensação precisam antes de uma aposentadoria passar por uma turma de alfabetização para sentir enfim que o dever foi cumprido.
Continuo a aprender com meus alunos como posso ensiná-los a ler e a escrever.Juntos fomos construindo nossos recursos e buscando alternativas para que todos aprendam.
Foram mais que importante as colegas Adriana e Rosa nesse caminho de aprendizado,pois elas já vem com uma bagagem enorme de material ditático construido com sucatas e eu só fui me espelhando nelas para construir meus próprios recursos.
E as horas do conto que são quinzenais,somam com atividades globalizadas para essa construção de aprender a ensinar.
Um comentário:
Querida, aqui estou eu de novo, te "lendo", te acompanhando e provocando. rs
Fico muito contente com tua alegria e satisfação. Te convido a continuarmos nossas conversas durante o semestre. Topas? Beijocas
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