segunda-feira, novembro 05, 2007

Aprendendo com meus erros...

A cada ano é sempre uma mesmice, recebemos os alunos achamos umas gracinhas, mas não demora muito para as reclamações iniciarem.
João que não copia, Paulinho que não senta, Aninha que grita, outro que não lê, não escreve, outro que se incomoda e por ai o fora às reclamações...
Durante muito tempo fiz parte desse time dos que reclamavam, mandavam para a direção, chamava família e todos os recursos disponíveis em uma escola eu utilizava.
Bem ainda uso muitos recursos quando eu preciso e não consigo sozinha resolvê-los, não sou superprofissional, nem mesmo daquelas que se considera suficiente, mas mudei muito quando passei a ter que enfrentar com meu próprio filho a dificuldade de adaptação com os professores.
Ele tem idade mental diferenciada da cronológica, hiper-atividade e nasceu com o mal maior do século depressão (com isso tem uma variação de humor muito grande).
Você é mãe passa a querer entender melhor, saber mais para poder ajudar teu filho, foi o que fiz por muito tempo, li muito, pesquisei, participei de cursos, palestras, e conversava muito com os médicos dele.Assim todos os alunos que vieram depois dele pude mudar a maneira de ver, compreender e lidar melhor com eles. É claro que a família é fundamental em todos os momentos.
Na pré-escola tive vários momentos de desespero, pois sempre vinham as reclamações do tipo:
_Hoje bateu no coleguinha, chutou, não fez a lição, por ai ia.
Na primeira série tive uma colega fantástica (talvez por ter vivido o trama com sua filha ou por ser uma profissional atenta), conseguiu levar muito bem as dificuldades e limitações dele e sempre dividia comigo suas angustias.
Na segunda o primeiro trimestre foi um terror, as reclamações eram diárias e os choros para não ir para a escola eram todos os dias.Minhas manhãs eram quase que tormentos.Vinham os bilhetes e o caderno com atividades copiadas sempre por alguém, que ficava com pena e o ajudava.
Um dia voltei ao médico e expus tudo, ele calmamente me olhou e disse: _Mãe não é teu filho que somente tem que se se adaptar, mas a professora precisa encontrar um jeito de lidar com as diferenças, pois elas estão ai, e o discurso foi longo.Voltei à escola pior que tinha ido, pois como eu colega, supervisora da escola poderia dizer isso à outra, sem parecer que estava protegendo meu próprio filho, ali não dava para ser somente mãe.
Foi conversando com minha colega que tivemos a idéia de tentar outra colega, evitando assim os constrangimentos.A recepção por parte da colega foi ótima, pois antes de colega eu me coloquei com mãe e ele entendeu meu angustias.Bem obtivemos grandes progressos ele apesar das dificuldades foi aprovado.
No ano seguinte cometi um erro enorme que me arrependo profundamente.Como fiquei com terceira série fiquei com ele na minha turma, pensando no melhor talvez ou o instinto protetor sei lá falou mais alto.Só sei que para mim foi horrível, pois tinha que puni-lo muitas vezes e mesmo assim os colegas diziam:
_Olha o filhinho da mamãe.Ele teve de conviver com isso e muito mais.Acho que para ele foi terrível.
Esse ano iniciou muito bem, mas logo ouve troca da professora que não ficou muito tempo, logo veio outra e junto todo os dias os bilhetes, as reclamações e os choros para não ir a escola.
A cada dia ficava mais difícil, até que fui buscar as notas e ouvi tudo que uma mãe não gostaria de ouvir; Teu filho não tem limites, incomoda, não faz as tarefas, não copia, é mal educado e por ai.
Tive vontade de entrar no chão e sumir, mas pensei nas tantas vezes que também disse a outras mães quase que a mesma coisa, então permaneci ali até que me disse tudo.Olhei para ela e perguntei o que havia feito para mudar, além de me chamar e reclamar tanto, se haviam outras crianças ou se era apenas ele.Respondeu-me que eram um grupo, dando a entender que o líder deles era o meu.Como se as crianças fossem uma turma de desajustados.
Sai dali liguei para o médico, conversamos, ouvi tudo outra vez, andei muito para por as idéias no lugar.
Ao chegar em casa ele recebeu as notas com uma naturalidade e inocência que me desarmou, me disse vou recuperar não te preocupa, mas não quero mais ir para a escola, não gosto da professora.
Foi ai que resolvi mudar de escola, embora decisão tomada tardia, ele se adaptou bem a escola, aos colegas e a nova professora.
Hoje vai a escola com alegria, quer ir, faz as tarefas que antes não realizava.Meu maior erro foi não tê-lo trocado antes, ter esperado que houvesse adaptações, compreensões que não aconteceram.Para ele um ano perdido para mim a maior das lições.
Que através desse documento haja uma reflexão maior em torno de nossas praticas e atitudes com nossos alunos.

2 comentários:

Daiane Grassi disse...

Olá Ju, teu blog está cheio de reflexões e desafios, vou portanto, comentar um pouquinho a tua reflexão em relação a postagem "Aprendendo com meus erros... ". Sabe Ju, penso que escola e família devem andar unidas no acompanhamento das crianças. Essa história da escola achar que é função dos pais educar, "dar limites" ... E da família, achar que isso tudo é coisa que se aprende na escola, não dá para continuar! Precisamos agir concomitante, em conjunto, em equipe! Dar limites é importante sim! Em ambos os casos! Tu não achas? Abraços, Daiane

Jurema disse...

Daiane embora tarde agora tive tempo para responder e deixar registrado aqui minhas reflexões.
Concordo com voc~e que familia tem que caminhar junto com as crianças imdependentes delas terem ou não dificuldades.Eu sempre estive muito atenta com meu filho e com os meus alunos,sempre procurei trazê-las para perto de mim,mas tenho percebido o quanto tem mães que relutam em aceitar qua você sugira um avaliação de especialista para seus filhos.Percebi ao longo dos anos que é muito mais comuns os meninos serem portadores de hiper-atividades que as meninas.O porquê disso não sei mas andei lendo algo sobre o assunto onde especialistas já vem fazendo um estudo para saberem com certeza o porque dos meninos serem os portadores de dificuldades,hiper-atividades bem mais acentuadas que as meninas.Seria um longo papo.Mas vamos ficar aqui,refletindo o quanto nós professores estamos assumindo papéis que não são nossos.Somos mães de filhos que não geramos,enfermeiras,psicológas,médicas,etc...Tudo isso por falta de uma politica educacional mais atualizada,enquanto os governantes pensarem em redução de gastos só no quadro educacional,retirando das escolas supervisores,orientadores,etc..não teremos respeito muito menos educação de qualidade.Bem o ano do meu filho foi perdido pela reprovação,mas ganhei experiência, cresci com meus erros.Próximo ano não os cometerei.