quarta-feira, novembro 21, 2007

Depressão.Eu conheci ...

Alguns dias atrás fiquei um tanto preocupada em saber que colegas estavam passando por um quadro de depressão,por isso se afastaram das atividades por uma tempo.Que bom que elas retornaram!
Eu sei muito bem o que é retornar das cinzas, sei o quanto foi difícil recomeçar.
Eu sempre me julguei uma pessoa provida de coragem, desafiadora, não tinha medo de nada, enfrentava qualquer coisa.
Porém me vi totalmente frágil, sem rumo, sem chão como dizem por ai.
Dei-me conta que não era supermãe, superfilha e todos os superes que eu achava ser, mas para chegar a essa conclusão fui até o fundo do poço.
Ao perder a convocação e ter trocado de escola fiquei sem ter um salário certo por seis meses, além de ter vinte horas a menos que garantiam um salário bom, pois podia garantir um padrão de vida sem precisar dos outros financeiramente.
Passei a contar com ajuda dos amigos para pagar as contas e por comida em casa.
Você perde a dignidade sem ser indigno.
Sentia-me um horror, minha imagem refletia no espelho, mas não me enxergava, passei a comer compulsivamente principalmente coisas doces, tinha sensação que explodiria.Comendo era como sobrar um balão que a qualquer momento explodiria e tudo que incomodava ia para os ares.Não explodi e sim adquiri foi mais peso.
Eram tantas coisas engavetas que odiei a disciplina de Psicologia, pois mexia com sentimentos que deixei para trás bem fechadado não querendo refletir sobre elas ou lembrá-las.
Ia ao Pólo e dava um jeito de ir logo embora, as tarefas eram feitas sem motivações.
As colegas ajudaram muito me ouvindo, eu dizia que a vontade era mandar tudo para o inferno, chutar o balde como dizemos,isso quando estava a fim de falar,pois muitas vezes me irritava com as pessoas, sentia vontade de ficar num casulo sem ver ou falar com ninguém, até o toque do telefone me irritava profundamente.
Que bom que elas não me deram trégua, não desistiram de mim.
Precisei digerir que vinha de um casamento fracassado onde não me dei o direito de chorar, de sofrer, tinha as crianças e eles dependiam de mim e não podia me dar o luxo de ficar tendo crises.Ver que quase perdido meu filho que teve meningite bacteriana,enfrentar doze horas fatais de espera,tempo esse de ver medicação dar resultado possitivo e sem transparecer angustia dar o conforto para ele,pois sabia que poderia não ter chances(mãe tem disso coragem).Ter perdido um irmão de forma inesperada e que por pensar nas crianças e principalmente nos quase 90 anos da minha mãe, não coloquei esses sentimentos para fora.E completando a saída da escola onde era meu Porto Seguro.
Estava num quase abismo, às vezes queria ficar lá outras pensava nas pessoas que dependiam de mim.
Foi ai que me dei conta que precisava retornar a vida.Tinha ainda uma missão a cumprir, os sonhos que não havia realizado estavam a minha espera.
Aprendi que não era assim tão super e que não sou tão corajosa, reconheci minhas fraquezas, meus erros, meus acertos, aprendi conhecer mais as pessoas, dar valor às coisas simples da vida e ver que dinheiro é preciso sim, mas não fundamental para você ser feliz.
Precisamos de trabalho, da família, dos amigos, mas precisamos acreditar nos seus sonhos, viver cada dia, pois eles não retornam.
Nada na vida tem volta e o que vem depois de hoje é futuro e nele estão novos acontecimentos que trarão alegrias ou tristezas não importa.
O mais importante nisso tudo e aprendermos recomeçar sempre!!!

Um comentário:

Beatriz disse...

Ju querida,demosntrastes com a tua fortaleza que o ditado "a dor nos ensina a gemer" tem que ser ultrapassado . A mostra dessa superação é a que colocas aqui, onde os gemidos foram substituidos pela vontade de sair do fundo do poço com muita energia e dignidade.Minha amiga, os super servem sim para ti!! Todos eles, como prof, mãe, filha, irmã, aluna, amiga!!
Um abração
Bea