sexta-feira, agosto 15, 2008

Não é ficção é real.Parte 2

Ação?Emoção?Terror?Ficção?
O fato é que não vou esquecer aquela quarta-feira 16/07.
Estavámos assistindo o filme"Som do Coração" na biblioteca,Tadeu pegou um maço de cartas do Naruto e jogava batendo com as mãos em cima da mesa.Os colegas pediram para eu tomar uma atitude,pois queriam ouvir.Fizemos um acordo "devolveria as cartas no final do turno",pois havia feito anteriormente um acordo com o Pai que as cartas ficariam em casa,pois ele fugia da sala para jogar.
O filme terminou e ao sairmos ele começou a gritar e pular descontrolado.Avançando em mim e segurando meu braço esquerdo torcia com extrema força.Ao mesmo tempo que sentia muita dor eu falava com ele,mas não me ouvia,foi então que duas colegas me ajudaram sair dali.Ao entrar na secretária ele entrou atrás gritando e chutando muito,me dizia nomes.A diretora veio e pediu que eu falasse com o pai pelo telefone,quando viu que falava com o pai biliscava minhas mãos e batia os pés gritando que queria falar com o pai.Então o pai falou com ele aparentemente se acalmou e concordou com o pai que as cartas ficariam comigo até o final do turno.
Quando pensamos que havia acalmado ele voltou gritando e invadiu a sala da direção que fazia naquele momento uma reunião com um grupo de mães.Chutava,dizia nomes,corria de um lado para outro sem termos controle sobre ele.
Fui para sala e logo em seguida ele entrou e saiu sem que eu percebesse.Minha cabeça já não coordenava mais nada nessa altura.Desci e o vi jogando cartas,dei um berro sem sentir(nada pedagógico eu sei),mas o fato que já nem eu sabia mais como agir.Voltou para sala comigo e fazia deboches e ria descontrolado.Ao chegar na sala subiu numa mesa e atirou as figuras que havia ganho no pátio para o alto e os colegas fizeram a festa.Imaginem o que era...
Nesta altura dos acontecimentos foi chamado o Conselho Tutelar,que prontamente veio e conversaram durante algum tempo com ele.Mesmo assim continuava descontrolado,chutando e proferindo nomes.Passavam das 17.40h. quando uma colega mandou que aproveitasse que estava conversando com a Conselheira eu fosse embora,temendo algo mais grave fui.
Nessa noite eu não dormi,não era só a dor fisica no braço era a dor moral ao pensar que tantos colegas por ai a fora são ou foram vitimas de agressão e em nome das Leis que não falam nunca nos Deveres passam ou passaram por situações piores que essa.Falam de Inclusão o discurso é muito lindo,mas cadê capacitação para sabermos lidar com tudo isso.Me fez perder o encanto e pensar em decistir do Pead,logo eu que justamente pensei em buscar algo novo para lidar com meu filho que um dia não foi entendido em sala de aula,por ter dificuldades de aprendizagem.É triste a realidade de nossas escolas,mais triste ainda foi me sentir impotente diante de uma criança.
Enfim chegou o recesso escolar e eu ficaria por um tempo longe e poderia refletir melhor e me preparar psicológicamente para recebê-lo após recesso.Pois a família deveria com ajuda do Conselho procurar ajuda médica.
Essa história continua volto logo contando a vocês como foi a volta e como será daqui até o final do ano.Aguardem tem muitas mudanças.Vale apena!!!

5 comentários:

Kátia Diehl. disse...

Oi Ju ! Fiquei impressionada com o teu relato. Tens razão é de acabar com o ânimo de qualquer um. Há uma crise instalada em todos os setores ( família, política, economia, saúde, educação ...). Tenho certeza de que és uma excelente professora, mas não és uma super-heroína capaz de resolver todos os problemas.
Um bom e repousante final de semana !
Abraços !
Kátia Diehl.

Luciene Sobotyk disse...

Caramba Jurema! Imagino o cansaço da alma que ficaste aquele dia.Muitas vezes me senti exatamente como tu.As famílias de nossos alunos simplesmente transferiram suas responsabilidades para a escola e em nome de política( para abastecer as campanhs eleitorais)nos vemos obrigadas a passar por situações como estas.Pois como dizes,o discurso é lindo,mas cadê estrutura?Estou curiosa com a continuação desta história.Como foi o retorno?Uma boa semana prá ti,com muita PAZ! Beijos,Luciene

Unknown disse...

Ju!
Que situação triste, difícil, desconcertante... Gostaria de conversar contigo na presencial sobre o assunto. Uma amiga passou por situação semelhante e resolveu o caso. Bjs. Joci

biapedag.blogspot.com disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
biapedag.blogspot.com disse...

Oi, Jurema. Li com muita atenção o teu relato. Dele, com certeza, podemos afirmar que este aluno precisa de uma ajuda. (não estou falando do CT) A situação que relataste poderia ter sido vivenciada por um dos alunos de minha escola. Concordo contigo quando falas da inclusão. Acredito na mesma mas, quando é realizada com um acompanhamento e dentro de uma estrutura necessária, inclusive no que se refere aos professores. Torço para que teu aluno consiga a ajuda que precisa.Ah! E quanto ao que falaste sobre o "desencanto e vontade de desistir do PEAD" apenas uma provocaçãozinha: não seria justamente situações como esta que demonstram que a Escola e nossos alunos precisam de ajuda? Não seria uma situação desafiadora descobrir toda a história desse aluno e de sua família e procurar auxiliá-lo ? Sei que não é fácil! O cansaço e frustração são companheiros da gente, não é? Mas quando descobrimos que, apesar de tudo, conseguimos alguma coisa...que bom que é... Certamente, muitos alunos precisam de ti. E acredito que, para continuares refletindo qualitativamente sobre questões como Inclusão, valorização do professor, posturas diante de situações diversas o PEAD é fundamental. Torço pelo teu aluno e, também , por ti!
Bjs