terça-feira, maio 05, 2009

Construção do "Descobrindo Diferenças"

A pedido da professora Marilene Paré relato aqui como surgiu o livro feito em 2005 sobre as diferenças.
Era uma turma de quarta série e na turma além de alguns alunos que brigavam por causa dos apelidos, tinha o fato de alguns terem o poder financeiro melhor e geralmente havia as provocações com os tênis principalmente do tipo o teu é melhor que o meu.
Mas a razão principal foi uma das alunas com "Púrpura" que se sentia a mais infeliz das criaturas, por não poder correr, fazer física. coisas simples que os outros faziam,mas ela por não poder desenvolver nenhum hematoma ficava impossibilitada.
Eu ficava muitas vezes com ela no recreio em sala de aula,mas ela precisava de amigos,colegas que encontrassem um jeito para brincar.
Nessa época havia um dilema por causa do "Alvorada Capital da Solidariedade".Eram tantos os questionamentos que eu resolvi unir as coisas e ver no que ia dar.
No principio fui selecionando textos que ajudassem refletir sobre toda e qualquer diferença.
Mas o primeiro texto que fizemos foi sobre Alvorada. Foi um texto conjunto onde cada um dava sua idéia,tiravam e colocavam palavras.Não demos titulo mas iniciava assim:"Se eu pudesse pintar Alvorada... e as cores iam surgindo e cada uma representava algo como vermelho a violência as mortes,o marrom os buracos e barros das ruas e por final o branco que traria a Paz e a renovação das esperanças de todos os moradores.
Depois veio uma tarde de debates na Câmara Municipal de Alvorada onde a professora Lourdes deu um show na palestra de preconceitos raciais vividos e sentidos na pele.
E cada vez vinha textos para a sala de aula e deles saiam outras histórias,cartas como as que escreveram a Tânia uma menina negra que soube superar a discriminação e o preconceito,cartas a Catadora de lixo,pobre e trapilha que por preconceito não viram a bela atitude da senhora velha e trapilha.A menina que solitária que por ser pobre ficava excluída.
E tantas coisas como a história que Mariana escreveu que foi postada como uma das perolas desse trabalho,que teve o apoio do meu amigo e ex- Secretário de Cultura Jairo Carvalho,dos pais que tiveram o momento de ver em um simples livrinho feito com folhas xerocadas como grande acontecimento dentro da Câmara de Vereadores e com convidados especiais.
E com o envolvimento de todos no trabalho,onde tinham que selecionar textos,tirar fotos para o power point,a festa de lançamento,coquetel(teve um),convites,capa,prefácio e tantas coisas que nossa colega foi se tornando a razão de tantos cuidados,pois a medida que iam se conhecendo e entre uma internação e outra dela eles iam crescendo como sujeitos responsáveis,capazes de conviverem com tantas diferenças e cidadãos que sabiam o real significado de respeito.
No final do ano quando aconteceu o coquetel nossa colega estava numa internação,mas no horário de visita estavam lá no hospital um grupo de alunos fazendo uma visita onde levaram a ela o primeiro livro autografado por todos nós.
Os anos passaram e muitos deles ainda estudam juntos e em todas as internações da colega eu os vi sofrendo juntos e a cada volta via a alegria do retorno e do reencontro.
Aprenderam muito mais que diferenças aprenderam o real sentido de respeito,amizade.
E esse ano da formatura estarei lá para vê-los e sei que plantei sementes que serão eternas mais que os preciosos textos e relatos deles que por sinal alguns são fortes e sinceros.
Mesmo não sabendo no que ia dar apostei tudo para hoje poder vê-los crescidos e muito amigos.E agora lendo os textos como o de Mariana eu sei que acertei.Penso professora Marilene que te respondi.

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