quinta-feira, outubro 28, 2010

Abrindo um Parêntese

Não sou Portadora de Necessidades Especiais, mas no momento estou Portadoras de Necessidades Especiais, devido a uma paralisia fácil que não tem tempo determinado para voltar ao normal
Minha fala está totalmente comprometida e a visão momentos em que consigo visualizar as coisas nítidas outras preciso de ajuda.
Neste momento preciso me alimentar só de coisas mais liquidas evitando as pastosas, me falta sensibilidade para sentir gostos e mesmo os líquidos uso as vezes canudinhos para que não vire na roupa.Para sair preciso de companhia,pois a claridade me incomoda muito gerando perigo ao atravessar as ruas.
Além de dividir com vocês este momento divido algo que me deixou extremamente triste, abalada mesmo, me colocando no lugar de tantas mães que seus filhos precisam de ajuda por portarem algumas necessidades, das pessoas que são portadoras de algumas necessidades e são vitimas de preconceitos tanto quanto eu senti na pele.
Estava eu numa parada esperando ônibus quando duas senhoras me olharam apontando para mim quase em cima de meu rosto, que seu estava toda torta.
No momento bateu e a reação foi nenhuma, talvez pelas dores que sentia na visão ou pela dor moral, da alma mesmo. Minha nora as olhou e entramos no ônibus quando ela me disse se a senhora me contasse eu ai achar exagero.
Sei que vim mal para casa e fui me colocando no lugar de tantas Dudinha, Marquinho, João e Maria por ai a fora que mesmo com direitos nas Leis que os garantem, ainda não são vistos como normais dentro desta sociedade.
Percebi que os preconceitos ainda existem, mesmo que esclarecidos que a Inclusão é você acolher a todos com amor.
Talvez muitos destes não tenham a percepção que eu tive e que não sentissem a dor que senti, mas suas mães com certeza sentiram e os que conseguem discernir quanta dor na alma não sentiram.
Embora que me diga que não ligue que são pessoas pobres de alma, desprovidas de qualquer sentimento de respeito, etc. não posso deixar de registrar o que senti e como foi estar no Papel de Portador de Necessidades Especiais, mesmo que temporário ou não.
Sempre busquei acolher em sala todos com respeito, brigar pelos seus direitos e sei que minha tarefa enquanto educadora, mesmo com falhas dentro do Sistema Escola eu apontei caminhos para que as mães buscassem ajuda e que fizessem com que os direitos de seus filhos fossem respeitados.
Minha parte está sendo feita e continuarei, resta é a sociedade aprender a acolher estas diferenças com o devido respeito.
Um dia sonho que não haverá estes risos irônicos, pronúncias de palavras que ferem, olhares de pena como se as pessoas fossem incapazes, comentários maldosos, que se foram capazes de atingir alguém temporariamente Portadora de Necessidades Especiais imagina os que são para sempre...

Um comentário:

Roseane Machado da Silveira disse...

Olá Jurema!
Não pude deixar de solidarizar-me com a situação que coloca aqui! Saibas que torço para sua melhora e que realmente a nossa sociedade em situações como esta é cruel.
Convivo desde criança com situações assim, pois como já coloquei em meu Blog meu pai e meu irmão e agora o um de meus sobrinhos são portadores de necessidades especiais e sempre me magoava profundamente com os olhares direcionados a eles que insistiam em demosntrar o quanto o preconceito existe.
Meu pai se entristece muito por ver a doença se manifestar em outros da família dizendo que não era esta herança que queria deixar (acredito que esta tristeza nem é tanto pelas dificuldades físicas que encontrarão, mas sim pela discriminação que sentirão na pele). Assim como você sonho que esta realidade modifique.
Abraços e beijos carinhosos da "filhinha" (como me chamas) que nos últimos tempos anda desnaturada!